Eu costumo acompanhar as notícias sobre educação no país, pelos motivos pertinentes a qualquer cidadão, mas também porque trabalhei na área por muitos anos.Fico sempre me questionando se ainda vamos precisar de muito tempo e discurso para compreender que não dá mais para esperar, se não quisermos ouvir um sonoro: Explode educação.

Essa introdução é para preparar você para o absurdo que vou contar nessa nota.

Semana passada, tirei uns dias de folga e fui conhecer Itaipu, uma cidadezinha de praia, em Niterói-RJ. Uma graça de lugar.
No dia seguinte fui a uma lan house ler e responder meus e-mails. Quando entrei, mal pude enxergar o funcionário que distribuía os computadores, tal a escuridão do lugar. Claro, tem que ser escuro para aumentar a sensação dos garotos aficcionados por jogos eletrônicos.
De repente, vi um garoto, com lápis e caderno na mão, tentando copiar o texto que estava na tela. Me aproximei e li: “Como prevenir a dengue”. Perguntei se ele estava enxergando o que escrevia e ele fez um mais ou menos com a cabeça.
Os meninos que jogavam começaram a me olhar tentando saber de que planeta eu vinha.
Mais adiante, vi uma garota na mesma situação, fazendo uma pesquisa para a matéria de português. Detalhe: a mãe estava em pé ao lado dela.
Não resisti. Cheguei perto e perguntei se ela não achava que aquilo fazia mal a visão da filha e ao entendimento do texto que ela copiava.
Resignada, ela balançou a cabeça e respondeu:- Eu sei que não.

Será que é isso que chamam de inclusão digital? Ah, entendi: é a inclusão dos Excluídos.

Só por curiosidade, quando voltei do descanso, procurei na internet o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, de algumas escolas da região.
Nem vou te contar para você não ficar desiludida como eu.

E eu já havia sofrido com o resultado do IDEB em Brasília, que ficou muito abaixo da meta, com escolas caindo aos pedaços, e vendo que o dinheiro não é devidamente aplicado onde deveria. O Governo do Distrito Federal não investiu o mínimo nas escolas, um valor equivalente a R$200 milhões. Isso porque a lei diz que 25% do que é arrecadado em impostos deve ser aplicado em educação.


Mas eu quero agradecer aos professores que continuam acreditando que sim é possível construir um Brasil melhor. E, em homenagem ao dia deles, dedico uma citação do mestre Paulo Freire.

Verdades da Profissão de Professor
Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.
A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.
Paulo Freire